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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.

Ser poeta ... não é escrever poemas.

É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .

Urbano Gonçalo




quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Diz-me como foi ...


Diz-me como foi, acordar ao meu lado, passear comigo ao luar no Verão, reencontrar-te ... onde te perdeste revivendo o passado.
Diz-me como foi ... olhar os meus olhos e ver a minha alma.
Como foi sentir, o bater dos nossos corações cavalgando lado a lado, numa noite de paixão.
Como foi?
As tuas mãos nas minhas, o êxtase do momento em que tudo pára ... tudo morre, para voltar a viver em ti.
Como foi?
Tudo não passou de ... paixão? Mas a paixão, essa ... não morre na memória, ela vive na recordação do teu sorriso, e com ele a cada novo dia reacende novamente.
Agora ... partes de novo porta fora, deixas-me assim sem um aviso, sem uma razão.
Deixas de legado apenas o perfume do teu lenço na minha cama. - Volta para mim! - diz-te o meu pensamento. O vento chegou nessa madrugada, entrou de rompante pelas janelas roubando-me o teu lenço, o teu perfume, desaparecendo depois no mar calmo de Setembro.
Desolado olhei à volta, o nosso retrato ... partira-se. Sentei-me na beira da cama e guardei-o mesmo assim junto ao coração, contendo a custo as lágrimas que me fugiam. A fotografia estava curiosamente, rasgada a meio. - Maldito vento!
Acordo lentamente sem saber como ou quando adormeci, alguém me chama, sinto de novo o teu perfume no ar mas ... não te vejo.
- Pai, pai. Diz-me como foi, porque partiu então ela.
Volto-me, quero ver-te uma vez mais.
- Meu amor ... esperei tanto por ti, tanto!
- Pai ?!!
Procuro-te no espaço com os meus braços, tentando tocar o que não consegue ver a escuridão do meu olhar. Toco-te, abraço-te por fim, quero abraçar-te forte, tão forte mas ... sinto-me cansado ... tão cansado.
- Voltaste por fim meu amor, fica aqui comigo ... fica junto de mim, sê os meus olhos de novo.
Sentamo-nos juntos, no velho banco do alpendre que eu tantas vezes te vi pintar, o sol está a pôr-se, consigo ver tudo de novo. Eu, tu ... o mar e o pôr do sol.
- É tudo tão lindo, não é? Tão ... lindo!
- Pai, diz-me como foi, porque acabou tudo de repente?
Levantaste-te e passeias agora junto ao mar ... de novo, voltas-te e chamas por mim ... por fim. Sigo as tuas pegadas até te alcançar e de mãos dadas como antes continuamos a caminhar junto ao mar. - É tudo tão lindo ... tão ... ...
- Pai?!! ... Pai?!!!

5 comentários:

Anónimo disse...

Que lindo Urbano!
Triste, mas tão lindo!
Bjs.

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Obrigado Fátima, és muito gentil.
Bjs :)

Regina Rozenbaum disse...

Urbano, amado.
Hoje, entre misto de dor e amor, venho dizer-lhe: OBRIAGADA!!! Entre lágrimas de dor e sorrisos de saudade-amor voei nesse céu...
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

G I L B E R T O disse...

Caramba, Urbano, que texto mais maravilhoso esse!

Fiquei aqui, parado na frente do monitor, boquiaberto, coração disparado, encantado com as imagens e com as sensações que ele (teu texto) produzia em mim.

Grato, meu amigo poético, por estas sensações unicas e singulares, ópio para meu sentimento mais delicioso e por este texto tão cheio de criatividade e sentimento!

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Obrigado, sei que é bondade ... mas agradeço.
Tentei contar uma história no mais curto espaço de tempo possível, como desafio. Acho que consegui, também gostei e ... isso não me acontece muitas vezes.
Abraço.

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