Calar a alma 

Dias como o de hoje, trazem muito de mim ...

É o calor que aperta ... o sol que radioso nos queima a pele

O cheiro da relva cortada, a ausência de nuvens ao vento ...

A voz da minha mãe a chamar para o almoço ... as suas mãos à cinta

Dias como o de hoje, são manhãs, tardes e noites em reboliço

em estranhas aventuras, heróis de pistola e faca ... lendas e mistérios

A cada amanhecer uma nova aventura ...

A cada pôr do sol, reúne o gangue deitado de costas, na erva tenra dos campos

Os que tinham imaginação ditavam as aventuras seguintes

Os que tinham mais corpo, abriam caminho a muitas delas

No final era a união ... a alegria de amizades ... tão simples ...

Era partilhar então, uma peça de fruta roubada, rumo a casa ...

E ... deitados à noite na cama, sentíamos ainda o coração aos saltos ...

o cérebro a fervilhar ... uma nova aventura a despontar ...

Dias como o de hoje ... já foram assim

Hoje ... sinto-os em mim ... na minha imortal alma

Reviver o passado ... apaga tristezas 

Apagar a alma ... é impossível a heróis assim

Dias como o de hoje ... são flores raras ...

são tudo o que de belo tenho e sei ... no meu jardim