Este ano o Inverno teimava em não chegar, apenas as folhas das árvores teimavam também mas ... em chamá-lo.
Mas nem o frio nem a chuva chegavam. Certo dia enquanto vagueava pelo parque, parei no meio de dois caminhos que se cruzavam, olhei em redor e pensei cá para mim: - Estou de novo numa encruzilhada da vida. Em que direcção seguirá ela desta vez?
Rodei instintivamente sobre mim mesmo, ao princípio a medo e devagar, mas depois acelerei mais e mais até me sentir completamente tonto. Fechei os olhos e rodei, rodei sempre até não poder mais e estatelar-me de costas no chão.
Deixei-me ficar assim e sentir tudo a andar à roda, como quando era miúdo gostava de fazer para sentir aquela "embriaguês". Abri os olhos lentamente e fiquei cego por um raio de luz do sol, que desceu por entre as árvores e me acertou em cheio.
Virei-me e levantei-me lentamente, ainda com as pernas "moles", abri de novo os olhos e vi um homem ao fundo de um dos caminhos da encruzilhada onde eu estava. Era um homem aparentemente mais velho do que eu, tinha parado de remexer no contentor do lixo e estava a olhar para mim muito indignado.
Ainda meio "zonzo" dirigi-me a ele que tinha ficado a observar-me, mas ao ver-me na sua direcção ele deu meia volta e afastou-se.
- Espere! Espere por favor! - disse-lhe eu tentando a custo alcançá-lo.
O homem então parou e voltou-se.
- Diga-me uma coisa amigo, acha que eu estou louco?
Ele observou-me por um instante, e respondeu:
- Não mais do que os outros! E ... não sou seu amigo!
- Os outros, que outros?
Ele não me respondeu, voltou-se e prosseguiu o seu caminho. Eu segui-o inadvertidamente como um miúdo curioso ... fascinado, e voltei a perguntar-lhe:
- Quais outros?
Ele parou voltando-se para mim, e desta vez mais perto pude vê-lo melhor. Era provavelmente mais velho do que eu aí uns bons dez anos, mas apesar disso o seu rosto não era o de uma pessoa "acabada" por assim dizer. Também não lhe notei tristeza, nem solidão no olhar, e fiquei um bocado indignado com ele.
Obs: Em resposta a alguns pedidos, aqui ficam então mais uns excertos finais do meu romance. Aconselho (claro) uma visita às páginas mais antigas para "apanharem" de novo o "fio à meada".
Obrigado pelo apreço, se quiserem opinar sobre os excertos mais antigos, estejam à vontade.
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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.
Ser poeta ... não é escrever poemas.
É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .
Urbano Gonçalo
Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.
Ser poeta ... não é escrever poemas.
É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .
Urbano Gonçalo
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2 comentários:
Olá,
Muito bom, muito bom.
Parabéns!
bjsssss
Urbano
Pelo excerto a gente vislumbra o todo!
Belo!
estejas sempre bem, meu amigo!
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