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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.

Ser poeta ... não é escrever poemas.

É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .

Urbano Gonçalo




domingo, 21 de agosto de 2011

Bus Stop

A vida diariamente brinda-nos com alguns "temas" curiosos.
Infelizmente para nós, passamos por eles quase sempre demasiado atarefados, demasiado stressados para os ver realmente como são.
Normalmente quando de manhã me dirijo para o emprego, vou quase, quase em "modo automático", no entanto como vejo muito bem ao "longe", fui-me apercebendo de algo que se tornava reincidente, desde há não sei quanto tempo.
Naquele dia, a exemplo de outros, voltei a encontrá-lo.
Sempre me deixara um pouco curioso e a curiosidade aumentava com o passar dos dias. Normalmente o nosso local de "encontro" era junto a um semáforo perto da paragem dos autocarros. Achei curioso vê-lo esperar por um autocarro que ... não apanhava, atravessando de seguida (quando estava verde para os peões!) na passadeira para esse fim, rumo ao outro lado da rua. Por lá seguia muito ciente das suas ideias, com ar de quem cumprira a preceito a sua primeira terefa do dia (tipo, levar os miúdos ao autocarro da escola!).
Não se dava a conversas de circunstância nem ligava a quem se lhe dirigia pelo caminho. Não sendo convencido ou mal educado, apenas gentilmente gesticulava com a cabeça, possivelmente cumprimentando-as.
Sempre rua fora, virando impreterivelmente na segunda rua à esquerda, deixando-me aí sem o ver mais.
Há pouco tempo, avistei-o na companhia de ... uma amiga?!!
Desta feita fazia-mos o percurso contrário, eu regressava do emprego e ele(s) dirigiam-se para a paragem dos autocarros. Curioso, parei o carro um pouco mais à frente para observá-los melhor. Novamente a tal paragem dos autocarros, novamente a espera, até que pouco tempo depois voltaram ao outro lado da rua.
Apressadamente seguia junto ao muro que se erguia do passeio, de quando em vez parando para aguardar por ela, que ao contrário dele era mais simpática com as pessoas. Desta feita não viraram na segunda rua à esquerda, mas sim junto à entrada de um supermercado (obrigando-me a mudar de estacionamento!!).
Sempre atentos, observavam quem entrava e saía, espreitando por vezes pelos vidros que deixavam ver para o interior da loja.
Dez minutos volvidos, decidiram voltar ao caminho, parando mais abaixo num café.
O meu olhar seguia-os agora pelo espelho retrovisor do carro.
Após espreitarem à entrada do café, o "meu" sujeito, tocou na amiga e esta a contragosto lá o voltou a seguir, rua fora.
Pararam mais à frente, com ele muito atento a olhar para o ... céu, como quem se concentra a ouvir qualquer coisa.
Nova mudança de estacionamento, e lá vou eu atrás sorrindo ... de mim mesmo.
Paro mesmo junto à passadeira e dou-lhes passagem. Hesitando seguiram os outros e atravessaram, sentando-se no chão junto à zona de espera pelos autocarros, como dois miúdos fizeram também.
Queria vir embora, mas a curiosidade não me deixava fazê-lo, e ali fiquei mais um pouco. Dois autocarros chegaram e partiram sem que eles se mexessem, no entanto quando chegou o terceiro ele levantou-se por fim, dirigindo-se a quem saía do mesmo, dando evidentes sinais de contentamento e alegria. Entretanto, eu saíra do carro e dirigia-me também eu à paragem, ficando um pouco há distancia.
Uma velha senhora, parece ser o motivo da alegria.
- Meu querido! Sempre aqui para mim, não é?
A senhora abraçou-o e acarinhou-o, no entanto ele dirigiu-se logo de seguida para junto da sua amiga, direcionando a senhora também para aí.
Ela sorriu. Abraçou-o novamente a ele, e fez o mesmo a ela, que dócil aceitou.
-Claro que sim, seu pateta! Se ela é boa para ti, para mim o será também!
Disse ela enquanto pegava nas suas sacas.
- Venham então meus amigos! Vamos para a "nossa" casa!
Lá foram então rua fora. A Velha senhora e os seus dois ... cães.

A felicidade das coisas mais simples ... não tem igual.
Digo-o eu, que ali fiquei ainda um bocado, a digerir tamanha história.
A vida oferece-nos por vezes estes momentos, pena é, só por grande casualidade nos apercebermos deles, e assim os conseguirmos ... aproveitar.

3 comentários:

Juliana Matos. disse...

Nossa muito bom meu amigo,
ótimo fato!
gosto dessas histórias da vida, sempre nos trazem conselhos bons!
Ju

Regina Rozenbaum disse...

Ah esses fiéis companheiros! Vi um vídeo no youtube hj de arrepiar de tão lindo...espero q goste. Tanto qto gostei de sua história!
Beijuuss

http://www.youtube.com/watch_popup?v=fER-WhFUzoA

Regina Rozenbaum disse...

Ah esses fiéis companheiros! Vi um vídeo no youtube hj de arrepiar de tão lindo...espero q goste. Tanto qto gostei de sua história!
Beijuuss

http://www.youtube.com/watch_popup?v=fER-WhFUzoA

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