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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.

Ser poeta ... não é escrever poemas.

É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .

Urbano Gonçalo




domingo, 17 de março de 2013

Novo romance ...


Por fim ao fundo da rua vejo Catarina, mais uma noite de "trabalho", mais ... muito mais de si ... perdido.
Como sempre desço as escadas do prédio e vou buscar um dos jornais matutinos que a carrinha dos jornais e revistas, deixara junto ao velho quiosque.
Como sempre ... simulo casualidade no nosso encontro.
Ao ver-me, Catarina tenta apressadamente dar um jeito à blusa, apertando alguns botões, fecha o casaco comprido e esconde assim as suas pernas, que a mini-saia eleva a ... soberbas.
- Olá!
- Bom dia! - diz-me ao aproximar-se de mim.
- Já a pé?!!
- Olá! - respondo sem tirar os olhos do jornal.
- Gosto de me levantar cedo, como sabes!
Parou junto a mim, aconchegando-se no casaco, pareceu-me cansada,
mais do que o habitual.
Peguei numa revista de decoração (ela gosta!) e dei-lha, depois enrolei o meu jornal debaixo do braço e ofereci-lhe o outro braço, que ela aceitou de imediato, dirigindo-nos então para o nosso velho prédio.
- Hoje, vens visitar-me depois do almoço? - perguntou ela com a cabeça encostada ao meu ombro.
- Talvez! - respondi.
Ela sorriu e beijou-me a face.
- Dizes sempre isso, mas apareces sempre!
- Como correu o trabalho? - perguntei-lhe olhando-a nos olhos.
O sorriso desvaneceu-se na sua boca, olhou o céu e deixou sair um ...
- Correu bem!
- Devias trocar de turno, trabalhar à noite não te faz nada bem!
- Talvez um ou uma colega, não se importe de trocar! - insisti.
- Soube do senhor João!! - desviou ela a conversa.
- Sim!
- Coitado, era boa gente!
- Sim! Desde que nenhum miúdo lhe partisse algum vaso ao jogar à bola!
- Não sejas mauzinho!!
Chegados ao nosso prédio, subimos ao primeiro andar pelas escadas, o velho elevador já estava na reforma há vários anos.
Esta velha hospedaria dava guarida a nós e a mais alguns solitários como nós, tudo ali passava lentamente qualquer mudança de carteiro, era por si só uma novidade, mas ... não era bem vinda por ser contra-natura, por ser contra rotina.
- Bem ... vou descansar! Vejo-te logo tá bem?!!
Sorri, só podia.
- Claro, até logo então!


Excerto do meu novo romance (ainda sem nome!!).   



 
 
 

3 comentários:

Regina Rozenbaum disse...

Que bacana meu amigo! Sucesso desde já!!!
Beijuuss

O Neto do Herculano disse...

A esperar pelo título,
um livro, mesmo incompleto,
não pode ficar sem um.

MA FERREIRA disse...

Urbano.....
Pelo que li....seu livro será um sucesso.
E parabéns pela sua arte. Estava a olhar os seus trabalhos e v gostei muito!
Parabéns meu amigo!


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