Ainda que não o saibas ...

Ainda que não o saibas ... tenho saudades de ti
Ainda que não o saibas ... eu não morri
Sobrevivi ... prossegui ...
Mas não te esqueci ... não o farei nunca

Aquelas palavras em revolta ... em ondas selvagens que atiçam a memória
O olhar ... os olhares atónitos, que se refugiam de mãos nos bolsos ... resignados
Um sorriso apático numa submissão insubmissa ... mordaz, no seu refúgio silencioso
A lágrima que cai ... que não quer mais ficar ... pactuar

O grito é um silêncio na noite
Na noite que te viu partir rumo ao infinito das coisas ...
ao infinito das memórias que se guardam ... que se escondem ... na busca de dias melhores
na busca ... de tudo o que é sonho no pós pesadelo

E ... é em cada pôr-do-sol que almejo reverte
É em cada estrela no céu de verão ...
É em cada pétala que as borboletas beijam
Serão elas ?!!
Serás tu ?!!

E no meu coração se constrói e se destrói toda a nossa história
Apenas ele e ... só ele, te compreende e te aceita numa calma que me fustiga
mas são também os meus infames olhos, que desgovernados me ousam trair ...
numa qualquer sombra ... num qualquer resquício ... de ti

Urbano Gonçalo.