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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.

Ser poeta ... não é escrever poemas.

É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .

Urbano Gonçalo




quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quando faltam as palavras

José Viana, falecido actor da comédia portuguesa, dizia quando lhe perguntavam o que fazia na vida.
- Quando estou em palco sou actor, quando vou pela rua fora sou um simples cidadão, quando escrevo sou escritor, quando pinto sou pintor, quando choro sou humano, quando amo sou alma e coração.
José Viana, era conhecido como actor, no entanto também escrevia, e ... pintava.
Descobri-lhe esse talento, quando uma vez por acaso vi na TV uma reportagem sobre a sua já longa carreira. Como não sou admirador do género de teatro que ele fazia (revista, comédia para quem não conhecer!), e muito sinceramente nunca o achei um bom actor, estava quase a mudar de canal pois previa ali um bocado de aborrecimento. No entanto, quero aqui esclarecer que a minha opinião não é, nem pode ser tida como vinculativa acerca do actor em questão, até porque eu não tenho bases para fazer esse tipo de apreciação, ela é somente uma opinião que eu assumo como tal. No entanto não pude deixar de reparar durante essa reportagem em sua casa, nos quadros que por lá existiam. Como o jornalista "adivinhou" o meu pensamento, perguntou-lhe se ele pintava, ao que ele respondeu o que eu lhes descrevi à pouco atrás (quando estou em palco ...). De facto pintava e ... muito bem, pensei então: - Perdeu-se um bom pintor, ganhou-se um mediano actor!
Como na intimidade das nossas casas, escritórios, ou outra qualquer divisão nós temos tendência para longe de tudo e de todos fazer-mos aquilo de que mais gostamos (isso também!!!!), fiquei com a sensação de que ele realmente gostava era de pintura.
Mostrando na altura um quadro dos seus, dizia a seu jeito sorridente: - Quando faltam as palavras (actuações), ... chamam-me as telas.
Afinal eu e ele tínhamos mais em comum do que eu alguma vez imaginara, pois não sendo eu actor (nem por sombras!), sou como ele dizia "escritor" quando escrevo, e quando as palavras me faltam, também a mim, me chamam ... as telas.

2 comentários:

Luciana Lís disse...

De tudo pude entender que o artista amolda toda e qualquer de suas artes. Mas não é moldado ele próprio - graças a Deus. Que seria de nós se houvesse a finitude da criatividade?

Muito bom!
Beijos!

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Muito bom, digo eu!
Muito bem apreciada, compreendida, e direccionada na verdadeira intenção.
Bem visto, mas também ... só tu!!
Obrigado, fica bem.

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