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Em cada um de nós existe um poema .
Um por escrever ... um escrito que se quer procurado e se mantêm escondido na alma ... no coração.

Ser poeta ... não é escrever poemas.

É saber descobrir na poesia ... a parte que falta em si, a parte que falta ... nos outros .

Urbano Gonçalo




quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Excerto do meu romance "Genéve" (17)

Na manhã seguinte, antes de tomar o pequeno-almoço, arrumei as minhas coisas e trouxe o meu saco para baixo no intuito de o deixar já no carro da Nat. Entretanto ela pelos vistos teve a mesma ideia e estava também ela a sair do quarto.
- Com que então a menina ia sair de fininho para não pagar a conta, não era?
Nat deu um salto surpreendida, pois saía do quarto de costas na altura.
- Que susto!
- Desculpa, não te queria assustar, mas foi mais forte do que eu!
- Tudo bem, mas não perdes pela demora! - disse sorrindo enquanto com o seu olhar me indicava as suas malas.
- Nem penses! Não vou carregar para baixo o que já carreguei para cima!
- Ora, não é bem a mesma coisa, pois não?
- Pois não! Agora ainda estão mais pesadas!
Nat fez um beicinho de criança e eu lá lhe fiz a vontade (claro).
- Vá lá, leva uma que eu levo as outras!
Lá descemos escadaria abaixo na brincadeira como sempre, e eu coloquei as malas todas no carro, seguindo depois para dentro e claro fomos direitinhos à nossa mesa. Embora hoje o tempo já estivesse mais fresco, não abdicamos da nossa mesinha da sorte. Enquanto aguardávamos fui novamente à recepção e liguei agora sim à minha filha (na noite anterior esquecera as horas!). Depois de a aturar um bocado por causa dessa minha falha do dia anterior, lá pusemos a escrita em dia, sempre com o pequeno Artur a fazer de música ambiente, pois ao que parecia estava muito animado com um brinquedo qualquer.
- Já voltas para casa papá?
- Sim filha, ficamos mais um dia do que o previsto, porque isto aqui estava muito agradável!
- Fizeste bem, dá um beijinho à Nat!
Despedi-mo-nos e eu voltei para junto da minha boleia.
- Então, estamos mesmo de partida?
- Sim, para tristeza dos espanhóis claro!
- E das espanholas, não te esqueças!
- Claro, claro, como podia?
- Vou fazer de conta relativamente a esse teu sarcasmo e beber o meu cafézinho com torradas de manteiga e mel.
- Sim, logo que ele chegue, claro!
A seguir ao pequeno-almoço (que até nem demorou assim tanto!) iniciámos a viagem de regresso.
- Nem te vou perguntar, quem pagou a conta ontem à noite! - disse Nat dando-me uma palmadinha nas costas.
- À noite?? Que descaramento! Alguém devia saber do nosso regresso hoje! Talvez ... F.B.I., C.I.A. ...?!!
- F.B.I. não! Esses somos nós.
- Somos?!!
- Claro! Não ouvias o que os espanhóis diziam à socapa?
- O que era?
- Diziam: - Lá está o "F"elizardo e a "B"ela "I"nteligente.
- Onde irá esta rapariga buscar estas coisas? - disse eu em expressão preocupada.
Sempre na risota como convêm, lá entramos nós em Portugal. Soubemos isso mesmo sem olhar as placas indicativas "Bem vindo a Portugal" pois o nosso operador móvel, fez logo questão de ser o primeiro a anunciar-nos, que já estávamos de novo sob o seu domínio, enviando-nos uma mensagem.
- Eram os espanhóis? - perguntou Nat.
- Sim! Eu leio-te a mensagem está descansada, diz assim: - Querida Nat vuelta para nos otros!
- Eu sabia, que me tinha esquecido de pagar qualquer coisa numa daquelas lojas!!!!

1 comentário:

G I L B E R T O disse...

Urbano

Este excerto funcionou muito bem desgarrado do contexto do romance... incrível!

O final é hilariante, carregado de bom humor o que, aliás, é notório e marca registrada do teu romance.

Grato por ter-nos mostrado, meu amigo talentoso!

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