A memória ... de alguém

 Somos nós ... uma memória de alguém

Somos sonhos perdidos ...

Desejos por realizar ou ... realizados de alguém

Somos enigmas ... resoluções

Mas ... essa memória de outros 

É ... foi ... alguém 

Foi pai, mãe, filho ... de alguém 

Foi ele, ela própria ... individualidade 

Se ela existe em nós ...

Se a partilhamos com outros ...

Ela é parte de nós ...

Vive em nós e por nós ... é os outros

A memória é uma imagem ...

Um cheiro ...

Um não sei o quê das nossas vidas passadas

Um não sei o quê do presente ... em nós

És tu a minha memória ...

Sou eu a tua ...

Serão elas juntas uma vida passada ...

Serão elas juntas ... o presente

A memória em nós ...

Não é necessariamente ... passado

Ela pode ser saudade recente ...

De quem não pode estar a nosso lado 

De quem o tempo atual ...

Precisa ausente ...

De quem o futuro em breve ...

Tornará ... presente

Sonhos ...

 Faz parte do meu ser ... sonhar

Imaginar, criar formas e gente fictícia 

Faz parte de mim, sempre o fez

E … continuo dia após dia a sonhar

Sonhar a vida sonhar o amor

Sonhar com um mundo sem dor ... miséria ...

Sonhar pintar a vida de cores alegres ...

Uma sinfonia ... de cores reluzentes

Não sonho a fortuna, o poder ...

Sou sonhos simples de paz e sorrisos

Sou sonhos de pequenos gestos ... e olhares profundos

Sonho ... em passar este sonho 

O simples odor de um lençol cria um sonho

Uma almofada aconchegante ...

A pequena luz, que tenta entrar pelas cortinas

A memória ... de alguém

Sou pequenos sonhos dia a dia

Porque a vida é um grande sonho ... dia a dia 

É dádiva, é apreço, consideração ... amor a nós 

É o impossível, o inatingível ... é o sonho

Eu sonho ...

Tu sonhas ...

Eles ... também

Mas ... nunca é nosso, apenas nos dá ... essa oportunidade

Tão pouco ...

 

Tão pouco sei de ti ...

Imagino em vão

Não sei por onde andas, devaneias ...

O quão belo é o teu sorriso sem me ver ...

Mas ... sei dos teus olhos

Esses que observam, se ... me distraio

Sei dos teus lábios ... que sorriem a medo 

O teu brincar com o cabelo ... 

Trocamos olhares, queremos as palavras que se escondem na mente

Dizemos coisas banais ... sem nexo, evitamos os olhos um do outro

Queremos o calor das nossas mãos juntas ... e é tão pouco

Sabores proibidos ... 

Enches a minha alma de inóspita esperança

O coração desespera ... na espera

A mão que te quer ... tocar ao de leve

O latejar do coração no teu pescoço

Tão pouco de ti me dás ...

Tanto de mim te quero dar ...

Tão curta é a vida pela frente ...

Tão longa foi ... até este dia 

 

Calar a alma 

Dias como o de hoje, trazem muito de mim ...

É o calor que aperta ... o sol que radioso nos queima a pele

O cheiro da relva cortada, a ausência de nuvens ao vento ...

A voz da minha mãe a chamar para o almoço ... as suas mãos à cinta

Dias como o de hoje, são manhãs, tardes e noites em reboliço

em estranhas aventuras, heróis de pistola e faca ... lendas e mistérios

A cada amanhecer uma nova aventura ...

A cada pôr do sol, reúne o gangue deitado de costas, na erva tenra dos campos

Os que tinham imaginação ditavam as aventuras seguintes

Os que tinham mais corpo, abriam caminho a muitas delas

No final era a união ... a alegria de amizades ... tão simples ...

Era partilhar então, uma peça de fruta roubada, rumo a casa ...

E ... deitados à noite na cama, sentíamos ainda o coração aos saltos ...

o cérebro a fervilhar ... uma nova aventura a despontar ...

Dias como o de hoje ... já foram assim

Hoje ... sinto-os em mim ... na minha imortal alma

Reviver o passado ... apaga tristezas 

Apagar a alma ... é impossível a heróis assim

Dias como o de hoje ... são flores raras ...

são tudo o que de belo tenho e sei ... no meu jardim

Venho no vento

 

Venho no vento ...

sou sentir ... momento

inexplicável, impercetível ... ecuménico  

tudo ou nada ... nada, apesar de tudo

Dizem-me com sabor ... cheiro

dizem-me palavras ...

e ... leva-as o vento ... eu 

dizem ... dizem ...

Lamento ... não sei quem sou

não sei de onde venho ... para onde vou

sei que existo ...

em ti, nele ... em toda a alma 

Não sou palpável eu sei

não sou visível ... eu sei

sou um fantasma da mente ... da ópera

toco sinfonias, deleito-me em romance e ... poesia

Vivo no vento da tua alma

num teu sopro ... suspiro

nunca choro ... ou sorrio

sou saudade, memória ... sou ideia inglória

Sou segredo ...

sou desejo de vida

sou amor perdido em noite de luar

estou em ti ... estás ... em mim

Quem sou eu ?

Quem és tu ?

Eu sou ... vento

dizes tu ...

Que é da noite ... ?

 

Que é da noite ... ?

Que é da noite em mim ... ?

Que é da magia dos sonhos ... ?

Dos momentos heroicos ... medonhos

Que é de ti ... ? Que é de mim ... ?

Sempre vacilei ao olhar a janela

Sempre temi a lua ... a luz dela ...

Sempre me imaginei por ela sugado e ...

lá sozinho ... em vastidão branca e cinza

As  sombras lá não me perseguem ...

Já não me querem ...

Já não sou parte sua, ou de outrem ...

Sou livre ... sou a minha própria luz

Ouço na lua sorrisos estranhos

Somenos ... tamanhos ... mórbidos talvez

Mas ... de quando em vez ...

Vejo de sua origem ... a minha janela

E lá em cima ... solitário e livre

Sou meu Rei e senhor ...

Sou livre do amor ... da sua dependente obrigação

Sou certo no meu caminho, viajo por antecipação em estrada imaculada

Se por agora saio deste parapeito e do meu mundo ...

é certo regressarei à Lua e aos seus ... meus ... mistérios

A luz essa ... nunca perderei de vista ...

um dia terei de volta a minha sombra ... serei só eu, ela e os sonhos

Urbano Gonçalo.

              

Feliz Natal 

Então é Natal ...

Dias efémeros de nostalgia, dias de amena introspeção ...

A lareira chama ... quente e luminosa 

A árvore luzidia pisca os olhos alegremente

A música anda no ar afoita e livre

Os corações clamam por paz

Parte do mundo chora ... parte sorri ... 

Sempre foi assim 

Parte de mim chora ... parte sorri ...

Sempre me sentirei assim

Seja o Natal ... a paz que me foge

Saia a alegria do labirinto na minha mente ...

Que os sorrisos sejam formas lindas de saudade

Que se encontre em nós ... a tal divindade

Saberemos sempre para onde vamos ...

Se o coração nunca se esquecer de onde vimos .... de quem somos

Esperança e paz ...

Eis o NATAL !! ...

A todos os amigos/as que por aqui passaram durante este ano que brevemente finda, desejo um santo e feliz ... NATAL !!

                                   

                           

Se a vida nos deixa ...

 

Acorda-me antes de saíres ...

quero rever-me uma vez mais, agradecer uma vez mais

Tu que me deste vida, amor ... felicidade

Tu que sempre tomei por ... certa

Se tudo afinal foi um sonho

se tudo não passou de real ficção ...

então que fazes tu ainda aqui ?

Acorda-me pelo menos da irrealidade ...

Se me deste tantos sonhos ...

se me fizeste acreditar ... amar ...

porque me deixas ... quando queres

porque já não serve este trapo ?

Tudo é um fim, dizes tu ...

tu própria és esse fim

tu própria minha vida, tu própria que sais de mim

não te compadece ... eu ser terra de alguém

Irei contigo morte

serei ... ninguém ou ... já fui

deixo sementes e saudades há vida

deixo vida ... mato-te com ela

Alma e intempéries 

são unas ... obstinadas ...

vão e voltam ... vão e voltam

vou contigo meu fim, mas ... não vou, sou teu mas ... nunca o serei

Dois mundos ...

 

São dois mundos o meu cérebro ...

Duas personalidades que se conectam ... ou não

Inspiração ... razão ... amor ... ódio

Físico e psicológico, real ... irreal

Dois mundos que se encontram em ... desencontros

Noites de sol, dias de lua ...

Verdade vestida e mentira nua ...

Mãos que tapam e ... destapam 

Como em todos os mundos, o céu leva-nos aos sonhos

De lá não sairemos crianças ... cá não o seremos mais

De filhos a pais, de pais a avós ... seremos nós

Mas ... não mais crianças, esse mundo .... perderemos

Dou um mundo do meu cérebro ...

por um mundo de outrem ...

Deixem que me reveja criança ... num sorriso espelhado no olhar

de quem já foi "eu" e se havia ... perdido em DOIS MUNDOS

Dias como o de hoje

 

Dias como o de hoje ...

fazem-me rever o passado, esquivo camuflado ...

desamores e devaneios ... olhares soturnos ... incautos misterios

Dias como o de hoje ... são bem vindos

Recordações de uma casa "amarela", onde em cada janela esperava alguém ...

onde um bater na porta, desesperava alguém ... em espera interminável

A simples visita de um pássaro no parapeito ...

uma qualquer réstia de amor próprio e indomável, nele reluzia

Esperança fugaz, como fugaz foi a índole do despeito ao tempo

não fomento, não respeito ... tenho medo

E ... por essa casa viajava em correrias de vilões ... ou heróis

em cada cortina, uma liana prestavelmente fiel esperava por mim

E por baixo de cada cama ... um mundo novo há espera

novas aventuras nas catacumbas ... nos desertos ... nas planícies

O espelho partido por fantasmas, nas suas lutas triviais 

As portas que seguiam o vento, ora abrindo, ora fechando

Não existindo chão ... corria nas bermas de supostas salas

de supostos quartos, apenas as escadas prevaleciam até há torre

mas a cada gemer da madeira calcada, subia o coração ao peito

e a cada chegada ao seu cimo, a luz do sol batia-me nos olhos por despeito ... sorrindo

Foram dias de criança, foram dias e dias de aventuras

de magia insuspeita ... de amena felicidade

dias em que trazia em mim vilões e heróis sob um olhar insuspeito

dias em que há noite me deitava feliz e sonhava ... com o que tinha feito 

  

Novo trabalho - Antologia

Eis o meu mais recente trabalho.

Antologia da Editora Poesia Fã Clube onde orgulhoso colaboro com um poema selecionado pela Editora, e me junto a vários outros poetas.

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Se o desejarem, podem ainda optar pela versão E-book.

Obrigado, desde já !!

Boas leituras !!!

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Tantas vezes ...

 

Tantas vezes me perco ... divago

Tantas vezes suspiro desalento, resignação

Sinto que não tenho direito sequer de pensar

não tenho direito de aspirar ... nem coisas simples

Tantas vezes sorri ... enquanto chorei

Tantas vezes menti ... ao meu coração

Esta mão que me aperta o peito ... o coração

é um enigma insuspeito ... ou não

A normalidade desejo ... a cada dia

Uma mão que me afague a alma ... desejo

Tantas noites quero dormir ... 

sonhar ... fazê-lo como deve ser

Tantas vezes imagino um sentido para a vida

Uma via única de sonhos ... de alegrias

Tantas vezes ... tantas vezes ... 

Corro por ela fora ... mas não sei se vou, ou ... se venho

Ilusão ...

Sonho ou ... metamorfose de mágoas inesquecíveis

A vida que venha ...

Espero por ela ... de peito aberto ... de alma carente

 

O Delicado som do silêncio Vol. II

 

Novo livro já há venda !!

O Delicado som do silêncio Vol. II segue na senda do irmão mais velho oferecendo-nos mais poemas inéditos do Blogue que lhes dá o nome.

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O sonho continua ...

Espero que gostem e ... como _ Em cada um de nós existe um poema ... _ eu espero que o "vosso" esteja aqui !!

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Um dia ...

Um dia a lua será apenas ... a lua

O sol será apenas o sol ... 

A neve apenas ... neve

Uma flor ... apenas uma flor 

Mas ... até lá, imagino a tua silhueta no luar ... 

O calor do teu corpo será o meu sol ... 

A neve irá derreter-se ... aos teus pés 

E ... em ti, nascerá uma flor ... chamada AMOR 

Até lá ... esperarei 

Até lá irei colher as migalhas que caem do teu regaço 

Olharei a lua a meu modo ... sentirei o calor do teu corpo ... no sol, na subtil esperança de que vejas no imaculado branco da neve ... a pureza, do meu amor por ti

Às vezes preciso de estar só ...

Às vezes preciso de estar só 

pensar coisas desconexas ... irreais

pensar no próprio pensamento ...

pensar no porquê da sua existência

Qual malabarista, trabalho vários pensamentos no ar

apanho e atiro ... sigo-os com o meu olhar

eles vão e voltam ...

vão e voltam ...

Por vezes voltam diferentes

voltam maiores ou ... mais pesados

outros ... parecem ser o contrário ...

outros ... nem voltam

No final, o malabarista

fica com um ou dois em mãos e ...

já não dá para fazer ... malabarismos

apenas sentir o seu peso e forma nas mãos indecisas

Tudo se resume a esses dois ... 

o passado e ... o presente

sendo que sem o futuro

já não se consegue "atirar" nada ao ar ou ... tudo não passa disso mesmo

É então na minha solidão

pesando os objetos do meu dilema

que tento contra todas as probabilidades

dar um rumo ... um novo sentido há vida

E ... o malabarista passa a vidente

arrisca uma hipótese, num mundo de probabilidades utópicas

arrisca-se a si e ... ás suas raízes, abrindo os braços

ás suas convicções ... ao crer insubmisso que o seu coração lhe dá

No final a incógnita do futuro

permanecerá sempre na sua forma egoísta e audaz

Porque viver ... será sempre o nosso passado ...

cimentado pelo presente, de olhos postos num desejado ... futuro

 

FELIZ NATAL

 

                A todos os visitantes, seguidores e amigos                           em geral ...

                                    FELIZ NATAL

De volta ao cavalete.

Novo quadro.

Título - Amanhecer

Tipo - Óleo sobre tela

70 X 50

By; Gondol 20

Somos ... sonhos

Somos ... sonhos

desde o nosso nascimento ... desde a consciência 

Somos sonhos reais ... irreais ....realizáveis ... ou não

Mas ... sonhamos

O sonho faz parte de nós ...

comanda a vida como dizia o poeta ...

destrói a realidade e ... a si próprio quando por vezes se torna ... real

Sonhar é o que nos move dia a dia

Dá-nos alento, força e acima de tudo esperança ...

Sonhar leva-nos mais longe, leva-nos para lá do óbvio conforto

que a nossa mente calculista quer ... que queiramos

A mente essa ... não sonha, apenas nos presenteia com obstáculos morais irracionais

quem sonha e nos move ... é o coração

Por isso o amor ... a paixão movem montanhas sem explicação

Por isso eles morrem e renascem quase dia após dia ...

num ritual próprio de quem está mais além do humanamente compreensível

O amor por mim ...

por ti ... por Deus ...

por um nosso filho/a ...

por alguém que partiu ... chegou

Se o sonho comanda a vida ...

queira o homem ser comandado pelo seu coração ...

seja assim o que temos dentro do peito ...

o maior " VALOR " ... que teremos sempre ... à mão